sábado, 14 de janeiro de 2012

Virtude

Neta vida, não há a hipótese de sentir ódio por alguém que não se tenha intimidade. A malquerença atribui-se apenas àquele com quem se há paixão, saudade. É o mesmo que amar alguém desconhecido, não há. Ama-se ao passo em que o tempo dê a idéia de aconchego, assim é a cólera.
Só se tem raiva de alguém se o amor for pioneiro neste laço. Senão, não há vestígios do estrago e da poeira de um castelo caído. Não ter ódio é como um lar abandonado. Ninguém limpa e nem trabalha... não há ninguém e não há nada.
Ao invés disso, o próprio ódio incita a vingança. Primeiro o terreno é sulcado, planta-se e lavra-se desde então. A primavera abre as pétalas de rosa, mas o querer do inverno ceifa-as. Depois de um castelo construído, olhá-lo e não senti-lo apraz-nos à sanha que leva-nos a razão de sorrir, irriga a vontade de amar.

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