quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Cama de gato

Foi feita é cama de gato
embaixo de um jatobá
a golpes entrelaçados
e super veneno passando no ar
é bom namorar no mato
ou mesmo vendo o oceano marinho em azul
a cor do sol pintando
mesclado o céu.

casa de amor é tato dos lábios
no peito esquenta o beijo
canta ciranda olhando ligeiro
pensando no amanhã
sonhar
acabou.
as estrelas sabem daquilo
que quem não viu
nunca saberá

cama de gato em meu peito
é morada de amores
eternos
sonhos, vazios internos
assédio, tesão e ardor.

enquanto depois dessa dança
descansa em seu devaneio
adormece aqui nessa cama
casa de gato
sonha em meu peito
de baixo de um jatobá

domingo, 30 de novembro de 2014

super veneno


você aceita o que vier 

pra não sofrer o desapego
mas tá sempre insatisfeito com a realidade
sempre te falta alguma coisa
não quer confiar tudo ao sentimento
mas a cabeça é um turbilhão
que já tem casa na Lua
anda com os pés no chão
mas quanto mais cê se desprende mais aparece
coisa pra te prender...
faz de tudo
ri, dança, chora, esquece... dá jeito
e foda-se, segue...
e mais a coisa te persegue.
Às vezes, só o que cê quer
é estar em paz consigo,
aproveitar o sossego, praticar o desapego
sem se deixar abalar com aquela gente chata
que insiste em esfregar a felicidade
na sua cara.
que quer provar que tá feliz,
que nem se importa
e te olha
só pra persuadir o seu coração,
que aguenta alguns trancos
mas quer sempre ver bem o próximo
mesmo até em barrancos,
de que ele não é bom.
Não, cê só quer ficar sossegado...
e se desprender dessa grande mentira
dessa fantasia,
super veneno
que o povo tanto fala sobre o amor
se isso é estar feliz
prefiro então sofrer pelo que é verdadeiro
Me esquece, vai... vai viver...vai
Deixa eu cá só com minha dor..

no contrafluxo...

a gente até diz que não 
quando quer dizer que sim... 
e se enrola no tempo esperando 
o quê estava certo de que não queria mais
ser ou não ser?
é saudade do tamanho de um caminhão...
o beijinho no rosto bem cedinho, de manhã
quando acorda e a lua ainda tá beijando o rosto do dia;
aquela energia foda dissipada no calor de um abraço
e aquele sorriso teimoso que sempre acompanha
o brilho dos olhos...
dentro de cada sim mora um pouco de não
e de cada não uma pausa sem fim -
a gente até quer meter o pé
mas também quer ficar; quer sorrir mas também quer chorar
e enfrenta longa viagem
no contra fluxo de nossa própria margem
- entre não estar e querer
a saudade em linha tênue é pioneira emoção
nesse inferno e céu de sim e não
que mata nossa sede de amar
e morre ao nosso jeito de viver.

A calçada

a gente só quer viver
ser livre
sentir o ar entrar nos pulmões
como se lavasse a alma
e depois sair naturalmente.
se desapegar e ser feliz
ser livre?
apenas estar em qualquer lugar.
que adianta voar como um pássaro
e sua essência sentir o ar da liberdade
quando seus passos andam
acorrentados em seus pensamentos?
não podes ser livre se não há libertação.
a gente corre nessa bola
quase redonda e vai parar
no mesmo lugar.
anda... anda..anda: desanda.
caem sobre terra joelhos fatigados
que carregam esses pulmões
fartos
de tanto medo.
o medo tá amarrado!
amarrado como um verme
parasita que te aflige
o âmago e te come as entranhas.
que não tem rico nem pobre,
nem o homem de bem, nem o homem do mau
certos; nem errados
que não estejam afligidas suas espécies
seus ossos enfraquecidos,
e seus joelhos escaralhados.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A dança

sê menestréu para mim
que te canto, te danço e amo
simultâneo em malábaris
trocando o abraço pelo beijo
de modo que os dois sejam
em um único ponto
apenas um
e logo as mãos nas suas espáduas
quentes.
Beije os meus lábios em candência
e na sequência
me fazes toda sua
e quando acaricia-me
os seios com teu tato
harmoniosamente,
já sou toda nua.
Na alma, a música e a dança
se encaixam no tato perfeitas
assim como meu íntimo recebe
toda a energia que emanas
Nossos polos atraídos no tantra
liberam os fluidos naturais
nos amamos no seio da flor
amalgamados como dois animais...
Se te canto, te beijo, e danço: te amo
em lirismo sem fim.
Sou eu trovador inundado.
você: menestréu para mim

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Amor

Ante o esplendor vivaz de tua excelsa gloria
Toda a terra palpita em commoções supremas,
E ebria de tua luz, n'um canto de Victoria 
A alma dos moços vibra entre hosannas e poemas.
Por ti é toda aroma e pradaria florea,
As árvores por ti esmaltam-se de gemmas
E para apotheosar-te a noite merencorea
Semeia pelo azul mil fulgidos diademas.
No viço e no frescar das magnólias, no vôo
Das aves, no rumor festivo das colméias,
Nos milagres do sol, Amor, eu te abençôo!
Sê bemdito no olhar da creatura querida,
Sê bemdito no ardor que põe em nossas veias. Fonte de todo bem, gérmen de toda vida.

Agripino Grieco em 'A Avenida'

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O beijo

Teu sorriso é único, tua boca é boa.
fecho os olhos ao primeiro contato
e viajo.
o corpo esquenta e tu me apertas
pelos quadris
largos.
beleza é ver a chuva pela janela
enquanto passarinho voa
pro ninho.
a igreja muda de cor no fim desse cenário
lembrando as cores da nossa aura
sobre a cama.
tua mão é gota escorrendo em mim
beijo molhado,corpos quentes
estados febris.
sua língua em minha língua
sua boca agora é minha.
seus lábios em meus lábios
nossos lábios
grandes lábios.
Fascinante júbilo quando beijas
tão carinhosamente a boca
entre os meus
quadris