Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine... O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha e havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá [...] Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Sapato novo
Quando eu caminhava com os seus sapatos, o mundo virava do avesso de modo que me perdia diante da sua face, e era só beijar com seus lábios que os teus olhos não viam mais a minha presença, girando em torno de nós, entrando em ti por todos os lados, sentindo, voando e sorrindo. E os meus pés descalços, andando no chão do teu peito, descobriram os teus passos, que tantas vezes me pisaram. Teu abraço, único, tímido e quente me convidavam a viajar por dentro de ti, embora tua boca permanecesse fechada. Conheci a metade de mim, penetrando pelos poros dos seus sentimentos, e ali permaneceu a metade de mim. Se me desses um beijo, gostoso, seco, engraçado, logo pintava os lábios para sorrir lindamente para ti. Outras vezes eu flutuava estando com meu corpo bem ao teu lado. E sentia prazerosamente minha alma sorrir e chorar de alegria por te abraçar naquele instante. Quando tornava os teus braços a minha volta, por trás, meu coração a mim não mais pertencia. E lembro da gostosura que era beijar teu rosto e me esfregar na tua barba quando a gente não se conhecia mais. Demos as mãos, olhamos a frente, e no início de todas as coisas, deviam ter havido algumas pedrinhas, mas não consegui enxergar porque minha atenção se desviava para os teus olhares que me envolviam e diziam alguma coisa. Não víamos pedras. Criamos este laço. Foi quando coloquei em mim os teus novos sapatos e percebi que estes já estavam apertados.
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